segunda-feira, 21 de maio de 2012


"Hoje me levantei antes do sol. Senti falta do meu amigo beija-flor, do ar da manhã, desse frio atrasado que nunca aparece durante as noites. Ele, o beija-flor, me fez perceber como sou omisso até em minha própria vida. E fico de longe. Eu não o entendo, Clarisse, jamais seríamos amigos. Logo eu, que já tive asas e tive, também, nos lábios o néctar do amor, não consigo compreender coisa alguma nele. Às vezes me encanta pelo bater das asas, como você nos dias de pássaro solto, insistente e livre, sorri sem gastar a felicidade; mas, vezenquando, sinto que ele faz sem forças, como se cantasse, no bater das asas, a dor que sente. Não o tenho, pois sei que a vida tem esse costume de nos levar embora. Ele pode faltar amanhã quando, coincidentemente, estarei precisando de alguém, então prefiro ficar nesse sentimento platônico com a velha vontade de sair para uma conversa, mas sem a permissão da timidez. Eu não suportaria perder a dor dele. E nem ele a minha, estou certo disso."

Nenhum comentário:

Postar um comentário