quarta-feira, 20 de junho de 2012


"Eu sou uma mendiga ao contrario. Eu ando pelo mundo implorando pra que alguém aceite a minha riqueza. Fico sentada no chão, tocando meu instrumento, com um chapéu imenso e lotado. E a plaquinha “por favor, não me ajude”. Muitas pessoas passam, mas pra poucas me levanto. Posso ficar horas tentando te explicar. Você tem um resto perdido e solitário de sobrancelha ao lado da sobrancelha esquerda. Você tem pequenos buracos entre os dentes de baixo. Você molha o lábio com a língua ainda mais seca que seus lábios, quando está nervoso. Você joga seu maxilar inferior pra frente quando a risada é de deboche. Você joga o seu maxilar superior pra frente quando a risada é de timidez. Você atravessou a rua com as mãos congeladas dentro do bolso. Você pede perdão pela sua parte playboy com a doçura e a sinceridade de um poeta descalço. Você me convida pra almoçar no restaurante onde terminamos e, porque sabe ser piadista exatamente do jeito que combina comigo, explica detalhadamente onde é o lugar como se eu não lembrasse dele todos os dias. Eu vejo a palavra “reply” no meu celular e, só porque tem a letra “y”, a letra mais forte do seu sobrenome, sinto de leve um chutinho atrás dos meus joelhos. Eu poderia ficar horas te explicando por que eu acho que é amor."

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